quarta-feira, 13 de novembro de 2013

ela nem imagina
que ela é minha imagem
e semelhança mas melhor
ela nem imagina que eu sou
a criança do que ela é agora ela
nem imagina que eu quando for bom
serei
como
ela

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chuva
pés descalçados
calçadas
rua

chove
como um retorno
da infância
chuva

água
por uma ou duas
quadras
vaga

criança
calçada
chuva

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os anjos disseram
amém
mas ela não entendeu
porque 'la não fala anjês

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pior que escritor ruim é revisor ruim e editor ruim e leitor ruim isso é que é ruim pior que escritor ruim

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quem tem samba não precisa de filosofia

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tudo
está
acima
de ti

e tu
acima
de mim

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[como é que alguém, não digo vocês, mas como é que alguém pode falar tanto e prestar tão pouca atenção às palavras?]

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paraense fiscal

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in
fer
nin
ter
no

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palpite
no coração dos outro
é palpitação

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tudo pode ficar
melhor
com zumbis ou
palmas
de flamenco

tentem.

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há algo de pobre no reino da dinamarca

que horror!
!polícia!
que horror...

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vai
pega o carro
vamos sair daqui sentido paraguai
pode ser
pega o carro
espera
esqueci lá dentro uma coisa

pronto
agora vai
sai daqui
me leva
juntei tudo
não importa mais nem um pouquinho
o que vão dizer pelo caminho
o que vão pensar lá atrás
ou que vão achar quando
paraguai?, talvez pro chile
o que vão pensar quando chegarmos
quietos
cansados
felizes

se não der
se não for
se acaso for difícil
de aguentar
não dá nada
se aquiete
se acaso for difícil
me deixe na beira da estrada
,eu me viro

---

[desenvolvimentismo é o diabo

pode ser, por um lado, uma visão dicotômica minha
que falo
desenvolvimentismo é o diabo

ou
pode ser, por outro lado, umas visão estreitada de quem lê
porque
desenvolvimentismo é o diabo
não a partir de uma visão dicotômica, não, maniqueísta

mas a partir de uma epistemologiazinha comprometida

comprometida não com o desenvolvimento
tecnocrático
que fique claro

desenvolvimentismo é o diabo

só isso, simples desse jeito]

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devagar com
ahn,
dor

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mão-de-dobra

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vai
cho
ver

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inferno

não, não pelo calor
desse eu gosto eu quero mais
sempre que calore porque no frio
vocês que nunca viram não viveram que não sabem
quando chove quando neva no frio
o inferno é mais constante branco
e multiforme

inferno
não pelo calor
mas pela fome
distância e fome

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há coisas que duas
pessoas são há cois
as que mais que uma

duas pessoas são
muitas coisas

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inspiração
é mãe
e o ventre dela
venta
por toda a terra
até
rever
o mar

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OS NOVOS DEZ MANDAMENTOS

1. porque
2. os
3. antigos
4. não
5. são
6. respeitados
7. instauramos
8. novos
9. :seja
10. legal.

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[olha ,isso não é um poema sequer é literatura ,mas note bem o que eu vou dizer porque é importante :uma vez nós paramos de falar sobre "epifanias" porque epifania é um termo muito pomposo pra uma realização real de totalidade cósmica divina ou sagrada ,como se prefira ,então nós paramos de falar epifania e acho até que foi Rafael Palomino quem inventou o substituto .O substituto ,no caso ,é bem mais humilde e se chama-se epifaninha ."Epifaninha" não é a grande explosão ôntica de um mistério de um sagrado de um nível acima de um nada ,epifaninha tá mais praquela pequena realização quando as chaves do carro finalmente aparecem ou quando uma piada contada dois dias atrás vem e pronto ,tu entende .Epifaninha é a realizaçãozinha de um segredo ,de um mistério ,de algo que tava coberto e agora não mais.

eu tive uma dessas ,uma vez ,embora narrá-la não signifique nada pra ninguém :num almoço monástico num mosteiro zen eu mordi uma noz .Foi assim .Foi isso ,foi tudo e isso foi tudo.

agora ,escrevendo sobre sociologia e modernização conservadora e um inferno de economiquês sobre os governos brasileiros pré-ditadura ,epifaninha bateu outra vez.

num erro de digitar .Economimia .Tão engraçado ,tão fodidamente engraçado .Desenvolvimento econômimico
,econômimimico]

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minha primeira mulher
era economista então
isso já define o resto
da minha vida

não gosto de economia

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minha segunda mulher
era advogada então
isso define outra parte

que leis, que nada

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a economização do mundo
vai comer nosso tudo

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tem choro no
mar mas pra mar
chorar não faz qualquer
diferença

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desmatar
também
mata

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é tu
do mui
to sen
ti men
to mú
tuo

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mão-de-cobra

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mão-de-sobra

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[que bagunça do caralho]

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" hoje
o mar
não tá pra

deixe..."

(Julianna Motter)

mas
pelo raso
ouça

vi uma concha

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deus, por que o trem
parte
meu coração?

[continuando o

"Deus, por que o trem
parou nesta estação?

Não quero morrer
de despedida."

de Francisco Xavier Xavier]

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